terça-feira, maio 31, 2005

Marketing Editorial

Ana Patrícia Pacheco – 9010109, CTDI 4º ANO
Cláudia Alves – 9010082, CTDI 4º ANO


Colaborar na disseminação de directrizes administrativas; fazer da produção do conhecimento uma fonte de cidadania; divulgar projectos culturais, desportivos e comunitários; especializar recursos humanos. Estas são algumas das metas possíveis através de instrumentos de comunicação dirigida, como boletins, vídeos, revistas, email, etc. E tudo isto é a base das Relações Públicas.
Este universo de conceitos e prática profissional também pode ser aplicado para o ambiente virtual, por meio de publicações editoriais on-line na forma de portais, revistas, informativos, jornais ou ainda boletins por email.
As publicações de uma empresa devem reflectir, em qualquer ocasião, a imagem institucional da mesma, o seu posicionamento, ou, como a empresa quer ser percebida pelo público, a quem se destina a publicação. Essa, inclusive, terá que ser a primeira providência: definir o público alvo, para o qual a sua publicação estará focada. Neste sentido, teremos duas espécies de publicações: as internas, dirigidas para os funcionários e colaboradores, e as externas, para clientes, fornecedores, parceiros e comunidade em geral. Para elaborar uma boa publicação interna devemo-nos sempre lembrar que os funcionários também são clientes em potencial, assim como os seus familiares, e que o sucesso da empresa está intimamente ligado ao grau de comprometimento que eles possuem para com ela. As publicações internas são importantíssimas para o fluxo de informações sobre o que acontece dentro da empresa. Portanto, é necessário que haja um representante de cada sector para fazer parte da equipa responsável para a elaboração do informativo ou boletim. Esta equipa reunir-se-á periodicamente, onde serão discutidos e escolhidos os assuntos publicados. Eles, obviamente, terão que ser do interesse do funcionário e a linguagem aplicada terá que ser acessível a todos. A periodicidade da publicação deve ser muito bem estudada: semanal, quinzenal, mensal, bimestral, etc. Uma vez definida, deverá ser rigorosamente respeitada, pois essa acção cria a expectativa de receber o próximo número.
Por último, qualquer publicação terá que ser avaliada constantemente e acompanhar a sua evolução, medindo o grau de interesse da equipa. É recomendável provocar situações interactivas, permitindo que os funcionários possam expressar a sua opinião e sugerir assuntos a serem abordados.
Se a decisão da empresa passa por uma publicação externa, valem todas as regras aqui expostas, porém a diferença básica é o público a quem está dirigida. Os interesses são outros e deverão ser discutidos também na reunião da equipa. Os temas escolhidos devem fazer parte do dia-a-dia dos clientes ou fornecedores, acompanhando sempre as mudanças do mercado. É importante criar também canais de comunicação com eles, promovendo cupões de resposta, sorteios de brindes, etc.
Editar livros, revistas, CD-ROM’s, sites da internet, são alguns dos trabalhos que um produtor editorial poderá executar. Ele é o responsável por todo o conteúdo e forma de uma obra. É ele quem selecciona os títulos a serem publicados e supervisiona todo o processo de produção, controlando os prazos e orçamentos. Define o tipo e o tamanho das letras, as cores, a paginação e as fotos ou ilustrações que serão publicadas. Determina a periodicidade, a tiragem, a época de lançamento e a distribuição da publicação. No mercado livreiro, por exemplo, o editor será o responsável por traçar uma identidade e os objectivos para a editora. É ele quem fará o contacto com os autores, os designers gráficos e os donos das editoras que viabilizarão o projecto. Já numa editora, este profissional deverá desenvolver o seu nicho de mercado, ou seja, avaliar, por exemplo, se um livro original de uma outra língua terá ou não mercado no País. Para isso, deverá montar uma boa equipa de tradutores e revisores e até caçadores de novos talentos. O trabalho de um produtor editorial aumenta, consequentemente, a procura de especialistas em marketing, já que uma boa divulgação pode fazer a diferença na tiragem de uma edição.
Como qualquer produto, a publicação empresarial, seja ela interna ou externa leva com ela a imagem da sua empresa, e, portanto, merece todos os cuidados relacionados com os aspectos de conteúdo, editorial e gráfico.
Bibliografia:
CASTELLS, Manuel – A Galáxia internet: Reflexões sobre Internet, Negócios e Sociedade. Lisboa: Gulbenkian, 2004.
ANSELMO, Artur – Estudos de História do Livro. Lisboa: Guimarães Editores, 1997.
MARTINS, Jorge M – Marketing do Livro. Oeiras: Celta, 1999.
SALAUN, Jean-Michel – Marketing des bibliothèques et des centres de documentation. Paris: Cercle de la Librairie, 1992

sexta-feira, maio 13, 2005

Indústria da Edição em Portugal

Ana Patrícia Pacheco – 9010109, CTDI 4º ANO
Cláudia Alves – 9010082, CTDI 4º ANO




O estado da edição e do mercado livreiro em Portugal pode se definir como “em crise”. Somos um país de escassos leitores a par de uma faixa enorme de população que não tem poder de compra, há uma elite cultural diminuta de onde saem os chamados “grandes leitores”. O sistema escolar é deficiente, exactamente à medida da ausência ou pobreza das bibliotecas, que é a literacia. Confinado o mercado dos livros a este espaço nacional nunca foram criadas as condições, neste campo, para uma relação normal com outros países de língua portuguesa.
Tudo isto, gera uma série de anomalias que a escassez de leitores explica uma rede deficiente de livrarias; as quais se encontram quase exclusivamente nos grandes centros urbanos.
Em Portugal, nunca houve uma forte indústria do livro, nomeadamente a primeira livraria era uma enorme superfície onde o utilizador para aceder a um tipo de livros mais especializados tinha que transpor numerosas salas e expositores cheios de ficção “light”.
A regra consistia na escassa produção editorial e muita sobriedade, o livro era como um objecto de consumo rápido e consagrado aos mais desvairados assuntos. Os livros que estão no catálogo não estavam esgotados mas encontravam-se nos armazéns dos editores ou dos distribuidores porque as livrarias não tinham espaço de armazenamento.
Actualmente, já nem sequer as novidades conseguem chegar às livrarias, um dos principais problemas dos editores de colocar os seus livros nas livrarias. A situação actual do mercado do livro em Portugal é dominada pela lógica das novidades, estes números incluem os livros escolares e as edições de autor e inúmeras instituições. Assim se explica que as livrarias não tenham capacidade para acolher todas as novidades e muito menos para armazená-las e criar fundos.
Os editores podem dizer que as livrarias prestam a um mau serviço, pois as livrarias queixam-se que as editoras “as afogam no mar de livros” que editam e para os quais é impossível haver compradores suficientes.
Os editores confirmam, que um livro tem mais ou menos um mês e meio para mostrar o que vale. Todo o processo de comercialização dos livros tende a eliminar aqueles que pertencem a esta segunda categoria, para a qual não foram criadas as necessárias defesas.
Hoje em dia, nenhum editor pode apostar em livros que têm uma produção cara e levam muito tempo a esgotar. O aumento de números de títulos publicados significa a condenação a uma vida breve e pouco gloriosa de muito deles. Nesta generalizada concentração de sinais de massificação da edição há uma concentração de vendas num número cada vez menor de autores.
Um mercado que se sustenta de novidades precisa de estar sempre a produzi-las, a um ritmo cada vez mais alucinante. Este retrato pouco complacente da situação editorial e do mercado do livro foi feito quando da instituição da lei do preço fixo do livro.
A abertura de hipermercados, com espaços cada vez maiores dedicados aos livros, e com descontos que nenhuma livraria podia praticar veio acentuar esta situação de “crise” (descontos esses feitos às custas das exigências dos editores, cada vez mais dependentes dessa forma de escoamento).
A edição de livros com o perfil pré-determinado de utilizadores (vendas em hipermercados) conduziu à redução da diversidade editorial e qualidade editorial. Esta débil situação viu-se agravada com a abertura das Fnacs, as quais têm fundos de catálogo e uma política de aquisição e exposição das novidades editoriais. Este êxito explica-se através do perfil de leitor português, um leitor generalista muito pouco especializado. As Fnacs agradam aos editores e distribuidores porque garantem a venda de volumes muito maiores e pagam nos prazos estabelecidos, coisa que as livrarias hoje em dia têm muita dificuldade em fazer.
O preço fixo do livro, ao contrário da missão inicial, a de reformular e especializar as livrarias tradicionais introduziu no mercado livreiro uma relação fechada de competição, o que traz consequências como o caso das feiras do livro que deixam as livrarias sem consumidores durante semanas.
Em Portugal, a actividade editorial e o mercado livreiro estão suspensos de equilíbrios tão precários que impera o medo, pois existe uma tendência para o aumento da oferta de títulos disponíveis acompanhado por um decréscimo acentuado da tiragem média de cada um. O crescimento no numero de títulos está directamente ligado a outro aumento, o de numero de editores a operar no país.
Na ultima década, mais importante que o aumento do número de bibliotecas foi a notória melhoria qualitativa dos seus serviços, o que reflecte num aumento claro do numero de utilizadores,
Portugal lê pouco, porquê? A falta de investimento na educação, o seu isolamento a nível europeu e a acção de censura oficial durante mais de metade do século XX resultou numa das taxas mais altas de alfabetísmo e literacia, o que ajuda a compreender esta realidade. O analfabetismo, a literacia, o baixo nível de habilitações académicas, o abandono escolar, a baixa formação profissional, e o fraco nível cultural são factores que estão todos ligados e que contribuem para o atraso e o fraco nível de competitividade internacional do nosso país.

Bibliografia:

CASTELLS, Manuel – A Galáxia internet: Reflexões sobre Internet, Negócios e Sociedade. Lisboa: Gulbenkian, 2004.

ANSELMO, Artur – Estudos de História do Livro. Lisboa: Guimarães Editores, 1997.

MARTINS, Jorge M – Marketing do Livro. Oeiras: Celta, 1999.

SALAUN, Jean-Michel – Marketing des bibliothèques et des centres de documentation. Paris: Cercle de la Librairie, 1992.