Livro português é pouco promovido
"Os “clássicos” vendem-se quase por imposição curricular, os contemporâneos muito por conta dos efeitos da mediatização. Apesar de ainda haver preferência pelos livros de autores estrangeiros, os escritores nacionais começam a ganhar terreno no campo das letras. Aos poucos, o livro português está a ganhar destaque nas prateleiras dos portugueses.
Para o poeta Albano Martins apesar do livro português ser ainda pouco lido, existem no nosso país «excelentes escritores». O problema passa pela falta de promoção dos mesmos junto do grande público.
Hoje, 26 de Março, assinala-se o Dia do Livro Português. O Jornal ouviu duas das maiores distribuidoras de livros do país e ainda Albano Martins, um dos mais importantes poetas portugueses da contemporaneidade, com mais de quarenta obras publicadas.
Em crise ou não, a verdade é que existem cada vez mais livros portugueses no mercado, com mais ou menos qualidade. Os títulos são ao gosto e disposição do cliente e vendem consoante o nome de quem os assina. Quanto mais é o mediatismo do autor maior é a receita das editoras. E quanto maior for a promoção, mais procura se regista. Esta será, provavelmente, a razão porque a Fnac e a Bertrand registam tendências completamente opostas quando questionadas acerca da procura de livros portugueses nas suas lojas. A primeira regista uma maior venda de livros de autores portugueses, enquanto que a segunda lidera com autores estrangeiros.
Segundo a responsável de comunicação da Fnac Madeira, Patrícia Cassaca, a loja está neste momento a seguir a tendência nacional, isto é, está a vender cada vez mais autores portugueses. Na sua origem pode estar a promoção que ali é feita em relação ao livro português. Nestas lojas promovem-se palestras, debates e encontros com os escritores como forma de promoção e divulgação dos seus nomes. Na Bertrand, por sua vez, e como já foi referido, na hora de comprar, os portugueses (e nos quais estão incluídos os madeirenses) optam por levar para casa livros de autores estrangeiros. Micaela Perdigão, responsável de loja pela Livraria Bertrand do Dolce Vita Funchal, justifica esta escolha no facto de haver realmente uma maior promoção dos escritores estrangeiros junto do público. É que, como adianta a responsável, embora exista uma grande oferta no mercado em termos de livros portugueses, o público procura tendencialmente aqueles que “dão que falar” quer sejam eles autores estrangeiros ou portugueses, como é o caso de José Rodrigues dos Santos e Miguel Sousa Tavares que lideram as vendas sempre que lançam um livro.
Além disso, e ainda em relação aos autores portugueses os que continuam a vender são aqueles que já têm o seu próprio público, como é o caso do consagrado António Lobo Antunes que não é um “escritor de massas” e do promissor José Luís Peixoto que conquistou o mundo das letras com o romance “Cemitério de Pianos”. Depois, e no final desta lista de preferências, estão os “eternos clássicos” que são impostos pelos programas curriculares. Eça de Queiróz, Almeida Garret, Camilo Castelo Branco e Fernando Pessoa continuam a contribuir para a promoção do “livro português” e mesmo que seja por “obrigação” as suas obras continuam a ser procuradas e lidas.
Má promoção está na origem da não procura do livro português[...]"