"Oito países lançaram ontem, em Berlim, o processo que conduzirá à abertura aos historiadores de um fundo documental que abarca 17,5 milhões de vítimas do nazismo, mantido num regime semiconfidencial ao longo de 60 anos. O acordo, cujos princípios foram traçados em Maio último, pelos 11 estados (Israel, EUA, França, Reino Unido, Bélgica, Grécia, Luxemburgo, Holanda, Itália, Polónia e Alemanha) encarregados de gerir o arquivo, no âmbito de um tratado internacional de 1955, terá ainda de ser assinado pela Polónia, Bélgica e Holanda, para depois ser ratificado por alguns dos 11 países do referido grupo. Só então poderá entrar em vigor, estimando-se que a documentação esteja acessível no fim do ano.O fundo é composto por 47 milhões de documentos (27 quilómetros de documentação, assim se medem os arquivos), resultantes do escrupuloso rigor administrativo do III Reich. Está localizado em Bad Arolsen, na região central da Alemanha, e apenas tem podido ser consultado para fins "humanitários" ou seja, estavam vedados quaisquer estudos seriais ou de outra índole, apenas sendo autorizadas consultas de carácter individual e nominal, a pedido de vítimas ou dos descendentes e herdeiros.Os registos dos campos de concentração e outros mandados de captura emitidos pela Gestapo foram reunidos e classificados no pós-guerra, com objectivos claramente delineados encontrar civis deportados ou sujeitos a trabalhos forçados pelo regime hitleriano, traçar os respectivos percursos e, eventualmente, fornecer às vítimas provas documentais do internamento, com vista a processos de indemnização.O arquivo de Bad Arolsen emprega, actualmente, cerca de 300 pessoas, que lidam, anualmente, com dezenas de milhares de pedidos individuais, originários de perto de 60 países. Em meados de Setembro, prevendo o enorme aumento do número de solicitações, esse quadro será reforçado.Vários estados, designadamente a Alemanha, opunham-se à abertura do arquivo, em face do carácter sensível de muitas das informações contidas nos documentos. Entrando em vigor este acordo, as pesquisas serão condicionadas pelas legislações vigentes, nos países de origem dos investigadores, em matéria de protecção da vida privada das vítimas ainda vivas. "
Fonte: http://jn.sapo.pt/2006/07/27/mundo/arquivo_nazismo_abre_investigadores.html
2 comentários:
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