segunda-feira, fevereiro 12, 2007

35 desenhos de Cruzeiro Seixas roubados da Biblioteca Nacional

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Roubo de obras de Cruzeiro Seixas põe 'trancas' na BN Leonor Figueiredo e Eurico de Barros

O furto de 35 obras de Cruzeiro Seixas que se encontravam nas reservas da Biblioteca Nacional (BN), descoberto por acaso em Junho de 2005, levou ao início da implementação de um sistema de segurança moderno. Os documentos iconográficos roubados faziam parte do espólio doado à BN pelo pintor e ilustrador, hoje com 86 anos, que fez parte do Grupo Surrealista de Lisboa. "As doações de Cruzeiro Seixas entraram pelo depósito como é habitual, onde ficaram dez anos, e só após esse período é que ficaram a pertencer à BN", explica ao DN o director da BN, Jorge Couto, que, logo que assumiu a direcção da instituição, teve de lidar com o caso ocorrido no tempo do seu antecessor. "Foi um dos primeiros assuntos que tratei. O processo de averiguação interno era inconclusivo e fiz a participação à Polícia Judiciária", recorda.Investigação inconclusivaAntes disso, fora o jurista da BN, Paulo Aragão, quem conduzira a investigação interna. "A falta foi detectada no seguimento de alguns pedidos para consulta", explica o jurista ao DN. "Recolhi a informação, todos os percursos foram ana-lisados. Não encontrámos qualquer indício, nem de dentro nem de fo- ra da biblioteca", adianta o jurista.O mesmo aconteceu com os agentes da Polícia Judiciária que investigaram o caso. Cerca de 30 pessoas foram ouvidas, algumas das quais tinham estado em contacto com as obras antes do roubo, mas também desta vez nada se descobriu. O processo foi arquivado pelo Departamento de Investigação e Acção Penal (DIAP). Pensa-se que o roubo terá sido perpetrado nos reservados da BN, local de acesso muito limitado. Foi uma surpresa para todos. "Esta é a primeira situação que se me apresenta desde que estou cá há 12 anos", refere o jurista, que ficou com a impressão de que o furto não foi motivado por dinheiro, "o valor não deve ser muito elevado", mas por "apreciar a obra do artista".Videovigilância este anoNovas medidas de segurança foram e vão ser concretizadas na BN. O director disse ao DN que desde Dezembro de 2005 "acabaram as entradas individuais no depósito, agora só possível aos pares, com um código de acesso conhecido por duas pessoas". Jorge Couto mandou carimbar todas as obras do artista e digitalizar a totalidade da colecção. Um especialista em segurança, entretanto contratado, elaborou vários relatórios que também aconselharam a instalação de câmaras de videovigilância. "Fizemos o pedido à Comissão de Dados para as instalar no depósito e reservados. Se responderem rápido vamos fazê-lo neste 1.º semestre", diz Jorge Couto. O espólio de Cruzeiro Seixas guarda cartas, catálogos e folhetos do grupo surrealista e cerca de 500 desenhos e colagens de várias expressões plásticas da sua obra. Por estarem para entrar vários espólios novos na BN, ainda em negociação com doadores e mecenas, o director pretende que "este episódio de 2005 não venha a ter repercussões sobre os processos a decorrer".

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