"A encenação de “Contrabando Original”, adaptada pela Companhia de Teatro “O Dragoeiro” a partir da obra com o mesmo nome do autor açoriano José Martins Garcia, revela-se inesperada, desconcertante, animada e irónica. Vernácula, também.
A peça, original, estreou ontem e volta hoje a “subir ao palco” às 16h00 e 21h30, no auditório da Biblioteca Pública e Arquivo Regional de Ponta Delgada.O “Açoriano Oriental” assistiu ao ensaio de um dos momentos da peça e conversou com a “contrabandista-mor”, Ana Amorim.A encenadora explicou que nesta adaptação feita por Ana Lúcia Santos, é-nos mostrada “a progressão na vida do principal personagem, Miguel Rafael, sob vários pontos de vista.”Em Monte Bravo, terra “inventada” por José Martins Garcia no Pico, ilha onde nasceu, é “onde tudo se passa, onde nada acontece, onde as pessoas estão todas paradas” e onde surge a vontade de “querer sair”.O cartaz diz que a peça é para Maiores de 16, uma indicação institucional mas, reconhece Ana Amorim, este não é, “definitivamente, um espectáculo para crianças”. Isto porque, explica, a escrita de José Martins Garcia não é “de fácil leitura e não é de fácil compreensão para uma criança”. Durante cerca de uma hora e meia, quem for à Biblioteca pode “esperar ver muito contrabando e ver uma grande loucura teatral que nós construímos juntos...”, diz.Em palco estão três divertidos jovens actores, a levar a sério.Carolina Bettencourt, de 23 anos, partiu de São Miguel para frequentar o curso de teatro, que já concluiu e ser actriz. Percebe bem o sentimento de “insularidade” que extravasa da peça.“A solidão da ilha e a solidão por não ter ilha”, comenta.Ela e Frederico Amaral, de 22 anos, conheceram-se já lá vão uns anos, ainda antes do sonho e da vontade de ser e fazer os ter levado até à Academia Contemporânea do Espectáculo, no Porto.Para Frederico, estar no “Dragoeiro” e interpretar esta peça é também tentar explicar o que “é ser açoriano e sair da ilha, o que é muito difícil de explicar... “.“E regressar”, perguntamos? “Regressar é sempre muito bom, eu por mim vivia aqui sempre, mas isso não é possível nesta profissão”, responde.Já de André Nunes, de 28 anos, nascido em terras do continente e que depois da participação na novela “Ilha dos Amores” aparenta ter sido enfeitiçado pelos Açores, quisemos saber se é assim tão difícil perceber o que é ser-se açoriano.“Parece-me que não... Já vivi junto a uma praia, numa aldeia piscatória, com ausência de oportunidades, onde existe vontade de sair e onde quem não sai fica preso aos grilhões do tempo, como diz o texto”, mas não é o mesmo que “ter oceano por todo o lado”, pondera.Francisco Amaral faz outra citação: “A vida fora da ilha não é assim tão boa, a vida fora da ilha não é assim tão má!”Para ver, rir e... Reflectir. "
A peça, original, estreou ontem e volta hoje a “subir ao palco” às 16h00 e 21h30, no auditório da Biblioteca Pública e Arquivo Regional de Ponta Delgada.O “Açoriano Oriental” assistiu ao ensaio de um dos momentos da peça e conversou com a “contrabandista-mor”, Ana Amorim.A encenadora explicou que nesta adaptação feita por Ana Lúcia Santos, é-nos mostrada “a progressão na vida do principal personagem, Miguel Rafael, sob vários pontos de vista.”Em Monte Bravo, terra “inventada” por José Martins Garcia no Pico, ilha onde nasceu, é “onde tudo se passa, onde nada acontece, onde as pessoas estão todas paradas” e onde surge a vontade de “querer sair”.O cartaz diz que a peça é para Maiores de 16, uma indicação institucional mas, reconhece Ana Amorim, este não é, “definitivamente, um espectáculo para crianças”. Isto porque, explica, a escrita de José Martins Garcia não é “de fácil leitura e não é de fácil compreensão para uma criança”. Durante cerca de uma hora e meia, quem for à Biblioteca pode “esperar ver muito contrabando e ver uma grande loucura teatral que nós construímos juntos...”, diz.Em palco estão três divertidos jovens actores, a levar a sério.Carolina Bettencourt, de 23 anos, partiu de São Miguel para frequentar o curso de teatro, que já concluiu e ser actriz. Percebe bem o sentimento de “insularidade” que extravasa da peça.“A solidão da ilha e a solidão por não ter ilha”, comenta.Ela e Frederico Amaral, de 22 anos, conheceram-se já lá vão uns anos, ainda antes do sonho e da vontade de ser e fazer os ter levado até à Academia Contemporânea do Espectáculo, no Porto.Para Frederico, estar no “Dragoeiro” e interpretar esta peça é também tentar explicar o que “é ser açoriano e sair da ilha, o que é muito difícil de explicar... “.“E regressar”, perguntamos? “Regressar é sempre muito bom, eu por mim vivia aqui sempre, mas isso não é possível nesta profissão”, responde.Já de André Nunes, de 28 anos, nascido em terras do continente e que depois da participação na novela “Ilha dos Amores” aparenta ter sido enfeitiçado pelos Açores, quisemos saber se é assim tão difícil perceber o que é ser-se açoriano.“Parece-me que não... Já vivi junto a uma praia, numa aldeia piscatória, com ausência de oportunidades, onde existe vontade de sair e onde quem não sai fica preso aos grilhões do tempo, como diz o texto”, mas não é o mesmo que “ter oceano por todo o lado”, pondera.Francisco Amaral faz outra citação: “A vida fora da ilha não é assim tão boa, a vida fora da ilha não é assim tão má!”Para ver, rir e... Reflectir. "
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