terça-feira, março 20, 2007

"Arquivo colonial abriga factos desconhecidos"

José Mattoso
Historiador
Nasceu em Leiria, tem 74 anos

É considerado um dos maiores especialistas em História Medieval. Foi monge beneditino até 1970. Depois, docente universitário, vice-reitor e director da Torre do Tombo. O acordo recentemente celebrado entre a Fundação Calouste Gulbenkian e uma equipa chefiada pelo medievalista José Mattoso prevê a disponibilização da documentação dispersa do arquivo do Ministério do Ultramar, extinto em 1974. Trata-se de uma documentação imensa e preciosa que faz parte da história colonial portuguesa e da história dos jovens países africanos que nasceram com a descolonização. O historiador explica como se processará a etapa que acaba este ano.

Como surgiu a ideia de propor o tratamento da documentação do ex- -Ministério do Ultramar?
Há imensas solicitações de investigadores estrangeiros. Sempre foi necessária e é cada vez mais indispensável. Urgente. Está ali parte da história dos independentistas africanos. Existe ainda informação, estudos e relatórios de carácter económico, que não é minimamente aproveitada pelos novos países africanos.
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Vão tratar, seleccionar, recuperar?
A reconstituição tornou-se o princípio básico da arquivística moderna. Vamos reconstituir a estrutura do ex-Ministério do Ultramar para se reconhecer as funções dos documentos. Alguns desses fundos foram dispersos, é preciso reconstituir a sua estrutura. Em certos casos a documentação está em risco de desaparecer, por más condições.

Onde está a documentação?
Dispersa por depósitos de vários ministérios. Alguma em arquivos metálicos com ferrugem, outras vezes inacessível. Já houve acidentes, telhados caídos, telhas partidas. Parte está em óptimo estado, outra não. Há arquivos com fundos tratados que possibilitam o acesso, outros não. Mas a informação tratada não está integrada na estrutura do Ministério do Ultramar como um todo.
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Que reconstituição virtual farão?
Haverá uma base de dados que abrange a documentação. Com o inventário feito, ficam criadas condições para se disponibilizar na Net.
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Leonor Figueiredo;
José Carlos Carvalho (imagem)

Fonte e notícia completa em: Diário de notícias

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