"O primeiro grande historiador da África lusófona, David Birmingham, doou recentemente a maior parte dos seus livros à Biblioteca Central de Estudos Africanos (BCEA), sediada no ISCTE, em Lisboa, com o qual colabora esporadicamente.David Birmingham, considerado o mais importante investigador na moderna historiografia angolana, escreveu pela primeira vez a história desse país de uma forma científica, até então a cargo de autodidactas, administradores coloniais e outros. A sua investigação teve a particularidade de incluir um novo olhar sobre os africanos, influenciando de forma determinante a formação de jovens investigadores de várias nacionalidades, que, a partir dos anos 60, começaram a dedicar-se à história das antigas colónias europeias.O historiador britânico colocou à disposição da BCEA mais de mil livros, à excepção de obras sobre Angola, sobre a qual se especializou. "Trouxemos de Inglaterra mais de uma tonelada de livros" conta, ao DN, Clara Carvalho, presidente do Centro de Estudos Africanos (CEA).A biblioteca teve também ajuda de Jorge Sampaio, que ofereceu outras centenas de obras sobre África, que foi recebendo como ofertas ao longo dos dois mandatos na Presidência da República.Neste momento, o centro lidera o projecto Biblioteca Central de Estudos Africanos, reunindo não só obras respeitantes aos países africanos lusófonos, mas de todo o continente. "Já temos oito mil livros com acervo alargado a todos os países africanos. O interesse é desenvolver exactamente a perspectiva não apenas das ex-colónias e da lusofonia, mas abrangendo os outros países", especifica, ao DN, o coordenador da biblioteca, Manuel João Ramos, lembrando a mais-valia que a biblioteca pode induzir, "evitando que os alunos tenham de se deslocar para França ou Inglaterra para prosseguir os seus estudos"."Este projecto é uma junção de intenções", faz notar Clara Carvalho. "Não envolve apenas o CEA do ISCTE, mas também centros sediados na Universidade do Porto, na Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa e no Instituto Superior de Economia e Gestão."Connecting ÁfricaO centro vai entrar no projecto Connecting Africa quando arrancar a "criação de um acervo digital partilhável a nível internacional", realça a directora. Nesta rede europeia, especifica Clara Carvalho, estão articuladas bibliotecas e arquivos holandeses e belgas. Posteriormente, estas unidades ficarão ligadas em rede com as bibliotecas africanas onde tal for exequível, nomeadamente os maiores centros de promoção da investigação, como o CODESRIA, sediado em Dakar, no Senegal. A partir de Março, sustenta Clara Carvalho, será possível divulgar on-line as publicações do CEA, em particular a revista Cadernos de Estudos Africanos, além de se iniciar, também este ano, a publicação em Inglaterra de uma colecção monográfica dirigida pelo CEA, African Vistas, pela editora Sean Kingston."A investigação transformou-se. Dantes, faziam-se teses isoladas, mas agora começa a haver condições de investigação como só se via em países europeus. "Nos últimos cinco anos houve um grande salto qualitativo devido às bolsas da Fundação para a Ciência e Tecnologia (FCT) de pós-doutoramento", salienta por seu turno Eduardo Costa Dias, coordenador do mestrado e doutoramento em Estudos Africanos. O investigador sublinha que entre 1974 e meados dos anos 80 houve "um certo período de nojo" em relação a investigações sobre África, ou as ex-colónias, mas 1989 funcionou como o ano de arranque" para este tipo de trabalho. Que, desde então, não mais parou."
Fonte: http://dn.sapo.pt/2008/02/11/artes/david_birmingham_tonelada_livros_a_c.html
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